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sábado, 16 de dezembro de 2017

De calças arriadas: renda fixa


Continuando a série sobre detalhes da minha carteira, dessa vez abordo a renda fixa - títulos públicos e privados. 

A evolução da minha história como investidor foi assim:
  1. Poupança
  2. Fundos de investimento
  3. Ações
  4. Títulos privados - CDB, LCx (LC, LCA, LCI)
  5. Títulos públicos
  6. Previdência Privada
  7. FIIs
Por conta do pífio rendimento do Tesouro Direto nos últimos meses e constante queda da SELIC, resolvi examinar com mais detalhe essa carteira, que atualmente corresponde a 38% dos meus investimentos.

Títulos privados

No início de 2015 fiz uma revisão anual das finanças e senti necessidade de diversificar em algo. Não era possível que todo meu dinheiro tinha que ir pra fundos e poupança. Estava muito concentrado. Fui pesquisar sobre renda fixa e finalmente abri conta numa corretora - Easynvest. Sem taxa de custódia e ótima variedade de papéis. Todo mês resgatava uma quantia dos fundos e comprava alguns. 

Nessa época os juros estavam na lua mas eu não tinha idéia da oportunidade. Surfei um pouco na onda mas meio sem querer pois não sabia que aquilo era uma situação extraordinária. Devia ter enchido os bolsos de pré-fixados. Agora é tarde, paciência. Ainda assim peguei alguns. O último CDB pré a 18% vence ano que vem.

Sempre me atento à classificação de risco dos bancos. Jamais pego algo com grau de investimento especulativo, mesmo com a proteção do FGC. Cheguei a ter uns 80 papéis na carteira e a partir de 2016 o que ia vencendo eu colocava em outras coisas, principalmente Tesouro Direto.

Títulos privados correspondem a 14% da minha carteira. Análise da minha posição:




  • CDI - 56,7% da carteira, a uma taxa média de 104% CDI, vencimento médio em 1,8 anos
  • Inflação - 31,7% da carteira, taxa média de 6,48% + IPCA ou IGPM, vencimento médio 1,3 anos
  • Pré-fixado - 11,6% da carteira, taxa média 13,09%, vencimento em 1,4 anos em média


  • Esta carteira acumula 19,3% de rendimento em 2017 segundo a planilha do AdP. Deve ter algum bug nisso. Não sei se tem a ver, mas o que mais rolou foi retirada (títulos vencendo sendo realocados para outros investimentos) e o preço médio anual da cota vem caindo enquanto o valor da cota aumenta. Devo mencionar que comecei o controle em abril, sendo que os 3 primeiros meses eu preenchi meio de cabeça e estava rolando forte realocação de recursos. Paciência, ano que vem se acerta.


    Valor da cota Preço médio anual Preço médio histórico % mês % ano
    R$ 1,0027 R$ 1,0000 R$ 1,0000 0,27% 0,27%
    R$ 1,0050 R$ 1,0000 R$ 1,0000 0,23% 0,50%
    R$ 1,0404 R$ 1,0003 R$ 1,0003 3,52% 4,01%
    R$ 1,0795 R$ 0,9969 R$ 0,9969 3,76% 8,28%
    R$ 1,0875 R$ 0,9940 R$ 0,9940 0,74% 9,41%
    R$ 1,0952 R$ 0,9858 R$ 0,9858 0,71% 11,10%
    R$ 1,1018 R$ 0,9858 R$ 0,9858 0,60% 11,76%
    R$ 1,1108 R$ 0,9710 R$ 0,9710 0,82% 14,39%
    R$ 1,1193 R$ 0,9613 R$ 0,9613 0,77% 16,44%
    R$ 1,1279 R$ 0,9613 R$ 0,9613 0,76% 17,33%
    R$ 1,1356 R$ 0,9522 R$ 0,9522 0,69% 19,27%


    Títulos públicos

    Assim como nos títulos privados, surfei um pouco na onda porém sem saber a oportunidade que estava ali. Ainda assim peguei alguns TD IPCA com taxa superior a 7%. Infelizmente pré-fixado não peguei quase nada naquela época.

    Títulos públicos correspondem a 23% da minha carteira. Análise da minha posição:
    • TD IPCA 2019, 2024 e 2035 - 51,3% de participação a uma taxa média de IPCA + 6%
    • Pré-fixados 2019 e 2023 - 6,9% da carteira a uma taxa média de 11,3%
    • Tesouro SELIC - 41,8% da carteira
    Esta carteira acumula 7,57% de rendimento em 2017, já líquido de IR. Acho que nesse caso não tem bug na planilha !

    Conclusão

    Apesar da rentabilidade recente do TD ter sido um fiasco acredito estar bem posicionado em TD IPCA, com boa reserva em Tesouro SELIC para oportunidades futuras. A taxa dos Pré-fixados não é excepcional mas é a menor parte da carteira. Minha estratégia agora é ir pegando alguns CDBs pós-fixados a 116% ou mais do CDI e reavaliar quando a taxa do TD IPCA 2035 superar 6%.

    Vender os títulos de 7% só em caso de emergência pois a verdade é que não sei onde poderia reinvestir esse dinheiro. Por enquanto fica lá pra quando eu ficar velho.

    Meus títulos privados estão com taxas melhores em comparação com os públicos, o que é coerente por oferecem um pouco mais de risco que o TD.

    Bons investimentos a todos, seja em renda ou em perda fixa !

    domingo, 3 de dezembro de 2017

    Balanço - Novembro/2017

    Este mês continuei meu aprendizado e descobri algumas coisas na blogosfera de finanças e comunidade FIRE:

    • no blog Pensamentos Financeiros um cidadão que atingiu a IF com sobras e teve a coragem de abandonar um emprego estável e bem pago. Ele não demonstra números mas pelo que li o cara deixa o lendário Viver de Renda comendo poeira. Por enquanto... pois o VR vem com tudo com seus bitcoins se multiplicando a cada dia
    • Investidor Oculto é mais um que saiu da matrix e estreou seu blog mostrando como é viver de renda passiva. Olho nesses caras !
    • Calote no Tesouro Direto ? artigo muito interessante publicado pela Vérios. Copo meio cheio ou meio vazio - vai de cada um a meu ver
    • o blogueiro Early Retirement Now continua publicando posts que pra mim superam o Trinity Study. Veja só este post onde ele refina os resultados de um famoso post do Mr. Money Mustache, mostrando quanto tempo demora pra atingir a IF dependendo do desempenho do mercado e da taxa de poupança
    Tive a honra e o prazer de fazer um guest post contando um pouco da minha história num dos meus blogs favoritos, o What Life Could Be. O blog é escrito por um casal romeno/escocês que praticamente atingiu a IF mexendo com imóveis na Alemanha. Eles tem 2 filhos e este ano se mudaram para a Romênia, ficando próximos a família dele e baixando tremendamente seu custo de vida.

    Sobre minha caminhada, minha carteira pelo segundo mês consecutivo empacou com um rendimento ridículo. Hora de voltar pra poupança ? Vejamos:

    • Taxa de poupança ( (receitas - despesas) / receitas) de acordo com o GuiaBolso: 54%
    • Renda passiva de FIIs e ações: 3484,48
    • Rendimento global da carteira: 0,22% - Medíocre. Acumulado de 2017: 10,06%
      • Previdencia Privada: 1,00% - olhei várias vezes, não sei como, acho que erraram
      • Tesouro direto: 0,01% - empacou
      • RF (Títulos privados): 0,69% - ok
      • Fundos: -0,49% - lamentável ! Tudo andando de lado ou em leve queda
      • FGTS: 0,24% - sem comentários 
      • Ações: -2,05% - pelo menos caí menos que o IBovespa
      • FIIs: 0,86% - comprei FAMB11B com uma ordem que estava lá jogada, bem no dia que explodiu; rendimento foi positivo graças a um aluguel anual do RBRD11 que salvou a pátria
      • USD: 1,88% - ótimo
      • EUR: 1,62% - beleza
      • Stock plan: 0,20% - ok
    Todas rentabilidades acima sao líquidas. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pra cá, mais multas e impostos. 

    Indicadores do mês:
    • CDI 0,57% - perdi de novo. No ano acumula 9,34% (continuo superando) 
    • IPCA estimado: 0,39% - perder pra inflação é o pior pro pequeno investidor...; no ano acumula 2,60%
    • Poupança: 0,43% - rendeu mais que minha carteira; no ano acumula 6,12%

    Alocação atual:


    Brasil Exterior
    Fundos Prev Privada FGTS RF TD FII Ações Stock Plan EUR USD

    23,7% 10,9% 5,8% 14,2% 22,6% 9,4% 4,1% 2,2% 4,2% 2,8%

    Próximos aportes deverão em Tesouro SELIC mesmo, já que em renda variável estou próximo da alocação que planejei. Vou tentar mais uma cota do FAMB11B pra melhorar o preço médio. Enfim, já que entrei, agora vou até o enfim. Pra quem não sabe, o fundo derreteu após um notícia publicada no jornalzinho do sindicato dos bancários informando que a Caixa estaria de saída do prédio.

    Trabalhar não dá. Quero virar vagabundo.

    terça-feira, 14 de novembro de 2017

    De calças arriadas: meus fundos

    Calma, este não se trata de um post contra a moral e bons costumes. É só a continuação do post detalhando minha carteira.

    Fundos de investimento foram meu primeiro investimento fora da caderneta de poupança. Não sei explicar direito porque, mas acho que foi provavelmente em algum momento que percebi que os fundos de renda fixa do banco rendiam mais que a poupança. Ações ? Coisa de gente rica, eu pensava na época.

    Os anos se passaram e num certo momento os fundos superaram a poupança na composição da minha carteira. Quando comprei meu apartamento zerei a poupança, retirei muita grana dos fundos porém estes continuaram. Ainda tem o maior percentual da minha carteira mas pretendo diminuir, realocando para ações, FIIs e tesouro direto. Quero manter apenas os multi-mercados e um renda fixa ou DI, este para reserva de emergência ao lado do Tesouro SELIC. Esse ano por exemplo comprei todos meus FIIs com recursos vindos de fundos de renda fixa que eu tinha.

    Taxa de administração obviamente tem que ser baixa, porém também olho o histórico do fundo. Se a taxa é relativamente alta mas a rentabilidade também, tudo bem. A pior parte desse tipo de investimento a meu ver é o maldito come-cotas, onde nosso querido governo duas vezes por ano leva uma parte do lucro.

    Neste post do Clube dos Poupadores tem umas simulações mostrando o efeito danoso do come-cotas. Por outro lado, temos que ver bem com o que se compara, como explica educador financeiro André Bona no vídeo abaixo.


    Eu vejo fundos como investimento de médio prazo (2 a 4 anos no máximo), que não pode ser comparado a Tesouro Direto que é algo mais pra longo prazo, mas pode ser comparado a títulos privados - CDB, LCx e LC.

    Clique AQUI para ver um gráfico com a rentabilidade de todos meus fundos. Abaixo alguns comentários e o percentual que cada um ocupa na carteira de fundos:


    AF INVEST FUNDO DE INVESTIMENTO RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO GERAES: entrei esse ano. Baixa taxa de administração e rentabilidade decente pra renda fixa. Liquidez D+1, alocação 7,5%

    BNP PARIBAS ACTION FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO AÇÕES: esse eu contabilizo como "Ações" na minha carteira. Entrei pela rentabilidade decente aliada a moderada taxa de administração. Basicamente quando não sei em qual ação aportar e quero aportar em renda variável, aporto nele. Liquidez D+4, alocação 2,5%

    EXODUS 60 FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO: recomendação do assessor da XP... entrei pra ver qual é e vou manter por algum tempo. Liquidez D+60, alocação 4,3%

    ITAÚ PERSONNALITÉ SELEÇÃO MULTIFUNDOS MULTIMERCADO FUNDO DE INV EM COTAS DE FUNDOS DE INV: um dos poucos fundos interessantes do Itaú, pretendo manter. Um dos maiores da minha carteira. Liquidez D+32, alocação 22,3%

    CAPITAL PERFORMANCE FIX MULTIMERCADO - FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO: dos fundos que tenho é o mais antigo, tendo sido minha primeira tentativa fora de renda fixa e DI. Pretendo liquidá-lo ano que vem pois tenho multi-mercados melhores agora. Liquidez D+1, alocação 6,9%

    ITAÚ PERSONNALITÉ RENDA FIXA PRÉ LONGO PRAZO-FDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO: renda fixa com ótimo desempenho, ia diminuir posição mas vou deixar rolar mais um pouco. Liquidez D+0 se resgatar antes do meio dia, alocação 30,2%

    ITAÚ PERSONNALITÉ RENDA FIXA MAXIME - FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO: rentabilidade medíocre, por ter liquidez imediata uso de reserva de emergência apenas. Alocação 6,4%

    XP GOLD FUNDO DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO: entrei nesse pra diversificar em ouro. Fiz alguns aportes e hoje decidi que só volto a aportar nele quando atingir a IF. Motivo: pra um portfolio de crescimento como o meu acho que não faz sentido ter ouro, pois este se destina à proteção do capital, não ao crescimento. Liquidez D+7, alocação 3,3%

    GRIPEN FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO: espelho do fundo SPX Nimitz, um multi-mercado de excelente rentabilidade nos últimos anos. Liquidez D+30, alocação 8,3%

    GARDE D ARTAGNAN XP FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO: outro multi-mercado super badalado... entrei ha pouco tempo e tem ido bem. Liquidez D+60, alocação 8,3%

    Esta carteira acumula rendimento de 8,63% este ano, já líquido de impostos.

    Este post não é nenhuma recomendação de investimento (muito pelo contrário). É só para mostrar os caminhos tortuosos de um pequeno investidor, em princípio construindo uma reserva de emergência e agora em busca da independência financeira. Até a próxima !

    quinta-feira, 2 de novembro de 2017

    Balanço - Outubro/2017

    Financeiramente falando não foi um mês favorável. De férias gastei mais do que o normal e como já havia recebido antes de sair, não tive nenhuma renda ativa além de reembolsos de despesas do trabalho. A cereja do bolo ficou por conta da rentabilidade medíocre da minha carteira. Praticamente só meus investimentos no exterior se saíram bem. No Brasil, pra se ter uma idéia da mediocridade, o depósito no FGTS nem ficou entre os piores investimentos. 

    Aparentemente a queda na SELIC me ferrou dessa vez pois os títulos públicos tiveram uma queda. Como tenho muita coisa de Tesouro Direto e fundos atrelados a ele, já viu. É o que explica o vídeo abaixo.




    Vamos ao números:
    • Taxa de poupança ( (receitas - despesas) / receitas) de acordo com o GuiaBolso: -255%
      • Como no fim de setembro recebi férias, 1/3 e o cacete, em outubro não recebi quase nada e por isso essa taxa e a do mês passado ficaram distorcidas.
    • Renda passiva de FIIs e ações: 1397,15
    • Rendimento global da carteira: 0,53% - Medíocre. Acumulado de 2017: 9,85%
      • Previdencia Privada: 0,53% - já foi melhor
      • Tesouro direto: 0,39% - ridículo
      • RF (Titulos privados): 0,76% - ok
      • Fundos: 0,28% - lamentável ! Alguns multimercados até caíram esse mês
      • FGTS: 0,24% - sem comentários 
      • Ações: -11,46% - aportes em TAEE11 (quanto mais compro, mais cai) e LAME4 viraram pó
      • FIIs: 2,74% - enfim andou pra frente, liderado por BRCR11 se recuperando lentamente
      • USD: 4,74% - aí sim
      • EUR: 3,91% - beleza
      • Stock plan: 8,51% - show
    Todas rentabilidades acima sao líquidas. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pra cá, mais multas e impostos. 

    Indicadores do mês:
    • CDI 0,64% - nao cheguei nem perto esse mês. No ano acumula 8,75% (continuo superando) 
    • IPCA: 0,42% - ganhei...; no ano acumula 2,21%
    • Poupança: 0,43% - mesmo com desempenho pífio, minha carteira rendeu mais; no ano acumula 5,71%

    Alocação atual:


    Brasil Exterior
    Fundos Prev Privada FGTS RF TD FII Ações Stock Plan EUR USD

    23,9% 10,8% 5,8% 14,9% 22,5% 9,0% 3,9% 2,2% 4,2% 2,8%


    Próximos aportes:

    - Tesouro IPCA 2035 - aproveitando a queda momentânea dos preços
    - FIIs
    - TAAE11, LAME4... última chance
    - algum CDB de liquidez diária se sobrar algum dinheiro

    Vamos todos nessa lenta e obstinada marcha rumo à independência financeira e à liberdade que ela nos trará.

    domingo, 22 de outubro de 2017

    Meu primeiro milhão

    Inspirado neste vídeo da youtuber Nathalia Arcuri, resolvi enumerar os fatores que me levaram a esta marca simbólica, alcançada após 20 anos de trabalho, por volta dos 35 anos de idade. No final do post farei uma coleção de links para outros milionários.




    Mercenário

    Dos 20 aos 27 anos eu multipliquei meu salário cerca de 5 vezes. Não queria ficar na mesma empresa mais que 2 anos, ainda mais se sabia que o mercado estava pagando mais. Priorizei empregos que me agregassem conhecimento. Nos primeiros ganhava pouco mas aprendi coisas que valorizaram meu currículo. Era aprender algo, pegar alguma experiência, semear currículos, colher um novo emprego recebendo mais e repetir o ciclo. Depois desse período só ganhei aumento por promoção.

    Frugalidade

    Ao mesmo tempo que minha renda subia, meu padrão de vida continuava estável. Nessa época eu morava com meus pais e tinha poucas despesas. Fui de um Fusca a um Fiat Uno usado, chegando no topo que foi um Corsa 1.0 zero km e dali não passei. Nunca curti roupas e tênis de marca, tinha uma atitude punk anti-capitalista, era avesso a essas coisas tidas como coisas de playboy. Bem no começo meu salário mínimo nem dava pra comprar essas coisas. Eu juntava alguns meses e comprava um walkman, aparelho de som, CDs ou qualquer coisa que eu estivesse afim. Sempre odiei parcelar e fazer dívida.

    Tempo

    O componente mais poderoso para qualquer investimento foi primordial para mim. Como consegui passar numa faculdade pública não tinha gastos com mensalidade. Com a frugalidade e baixas despesas (só gastava com livros pra faculdade, gasolina e umas baladinhas de vez em quando) eu consegui guardar dinheiro desde os 20 anos mais ou menos. Imagine o tanto de juros compostos que eu ganhei em cima do que eu poupei ao optar por um carro usado ou popular quando eu tinha 25 anos.

    Aportes

    Viabilizados pela minha mentalidade mercenária e punk anti-consumista-destrua-o-sistema, feitos desde cedo e com regularidade, estes superaram até mesmo minha ignorância sobre investimentos. Grande parte do meu primeiro sabugo cresceu em poupança e fundos de investimento DI/RF do Itaú. Vejam só, de longe estes não foram os melhores investimentos ! Foi mais importante investir cedo e com regularidade, não importou tanto onde.

    Conclusão

    Eu nem sabia porque estava guardando essa grana. Vindo de uma família com poucos recursos, aprendi a viver com pouco e guardar dinheiro simplesmente porque ninguém sabia o dia de amanhã, não podia gastar tudo pois podia fazer falta no futuro. IF ? Nem em sonho no começo, só fiquei pensativo quando estava perto do sabugo (ui) mas logo deixei pra lá. Eu não tinha a menor idéia do conceito, muito menos que aquilo era viável pra um proletário como eu.

    Espero que meu testemunho e o da Nathalia ajude os leitores em busca do sonhado milhão. Perseverança, gente !

    Atualização - abaixo estarei colecionando links para outras pessoas que atingiram essa importante marca:

    Capivara da Faria Lima
    Diário do Pequeno Investidor

    terça-feira, 3 de outubro de 2017

    Balanço - Setembro/2017

    Mês cansativo, marcado pela frustração com o trabalho e recordes da Bovespa. Pra mim é claro que não posso continuar a fazer um trabalho onde eu não tenha autonomia para decidir como faze-lo da melhor forma. A cultura corporativa me cansa. Penso em iniciar minha retirada dessa vida já no final do próximo ano, através de uma licença não-remunerada. Vamos ver.

    Neste mês separei as carteiras de ações e FIIs. A planilha do AdP ficou muito louca pra apresentar o acumulado do ano, talvez eu tenha comido bola. Eu só peguei o valor dos FIIs ao final de agosto e joguei em setembro como retirada da carteira antiga e aporte na carteira nova, somente com FIIs. Sei lá, dane-se.

    2 CDBs que venceram este mês (um deles pré a 17,50% - bons tempos :) foram reinvestidos em FIIs, ações, ouro, fundo de ações e TD Pré 2023. Ainda sobrou um restinho pra reinvestir em renda variável - ordens estão prontinhas na corretora.

    Desempenho do mês:
    • Taxa de poupança ( (receitas - despesas) / receitas) de acordo com o GuiaBolso: 85%
      • No fim do mes recebi férias, 1/3 e o cacete, entao essa taxa e a do proximo mês (quando nao receberei praticamente nada) ficam distorcidas.
    • Renda passiva de FIIs e ações: 1379,86
    • Rendimento global da carteira: 1,19% - Legal ! Acumulado de 2017: 9,33%
      • Previdencia Privada: 0,8% - ok
      • Tesouro direto: 0,94% - bom
      • RF (Titulos privados): 0,77% - ok
      • Fundos: 1,04% - bom
      • FGTS: 0,29% - sem comentários 
      • Ações: 5,93% - sabia que tava subindo pra caramba... POMO3 com 17% foi a maior alta, ELPL4 com -19% a maior baixa
      • FIIs: -0,45% - no começo era meu orgulho, agora virou uma bela porcaria
      • USD: 2,68% - oba
      • EUR: -0,01 - choveu no molhado
      • Stock plan: 13,27% - enfim compraram na baixa e subiu
    Todas rentabilidades acima sao líquidas. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pra cá, mais multas e impostos. 

    Indicadores do mês:
    CDI 0,64% - bati outra vez ! No ano acumula 8,14% 
    IPCA estimado: 0,12% - ganhei fácil; no ano acumula 1,74%
    Poupança: 0,5% - melhor que meus FIIs; no ano acumula 4,69%

    Alocação atual:

    Brasil
    Exterior
    Fundos Prev Privada FGTS RF TD FII Ações Stock Plan EUR USD

    24,1% 10,7% 5,7% 15,0% 22,7% 8,8% 4,4% 1,9% 4,1% 2,7%

    Nos próximos dias estarei tirando merecidas férias. Quero muito espairecer e retornar com novo fôlego pois tenho estado com a cabeça muito ruim, cansado e confuso também com a perspectiva de atingir a IF e o que virá depois. Pareço um cara que se descobriu homossexual e não sabe como contar pra família, não sabe como sair do armário. É assim que me sinto.

    Quero virar vagabundo ! Mas não conto pra ninguém...

    segunda-feira, 18 de setembro de 2017

    TSR para o Brasil: meu primeiro estudo com método Monte Carlo

    Atualização: leia aqui versão mais atualizada deste post

    Desde que descobri a comunidade de independência financeira sempre desconfiei da clássica taxa de 4% por ter vindo de estudos baseados no mercado americano. O nosso mercado é muito diferente, os números são óbvios. Até mesmo para o mercado americano essa regra é constantemente questionada.

    Um dia lendo o blog "My Money Design" me deparei com um artigo sobre uma tal simulação de Monte Carlo, onde ele questionava a tal regra de 4%. Em síntese, o estudo do William Bengen e o Trinity Study foram feitos em cima de resultados do passado. Obviamente aquela sequência de rendimentos e quedas no mercado com certeza não vai se repetir outra vez, igualzinho aconteceu. Também ninguém pode cravar qual será o retorno da bolsa ano a ano. No método Monte Carlo você simula aleatoriamente os rendimentos ano a ano, dentro do que foram os rendimentos do passado.

    Infelizmente não sei porque motivo o cara deletou o post. Descobri isso ao procurar outra vez para por o link como referência no final deste post. Porém na hora que vi eu baixei a planilha dele, onde você podia fazer simulações em cima dos retornos da bolsa americana desde 1950. Na hora eu pensei "outro dia eu pesquiso os retornos da bolsa brasileira e ponho aqui pra ver o que dá".

    Tempos depois eu fiz essa pesquisa e hoje quero mostrar os resultados da brincadeira.

    Como funciona

    Na aba "Rendimentos" estão os rendimentos de cada índice. Ali pode ser informado a partir de que data será calculada a média e desvio padrão que irão alimentar as simulações.

    Na aba "Simulações" aparece o resultado final de cada uma das 1000 simulações, junto com alguns dados estatísticos. Percebi que por conta daquele período da hiperinflação no final dos anos 80 e começo dos anos 90 a simulação ficava muito prejudicada. Eu adaptei a planilha para considerar uma data inicial variável. Para o Brasil a data inicial mais antiga decente parece ser 1996.

    Na aba "Monte Carlo" preencha as células verdes e pressione F9. Será mostrada uma tabela com a evolução da carteira de acordo com a taxa de retirada e inflação informados, assim como os retornos gerados aleatoriamente dentro do histórico do índice escolhido. Do lado aparece um gráfico com a evolução da carteira. Tanto o gráfico quanto a evolução da carteira valem somente para a primeira simulação.

    A planilha original simulava 70 anos de retorno aleatório, uma única vez. A minha simula quantos anos você quiser até máximo 70, e faz isso 1000 vezes. São mil simulações com taxas de rendimentos aleatórias, que estão dentro do que ocorreu desde a data inicial especificada. Para repetir a rodada e gerar mais 1000 simulações basta pressionar F9.

    Resultados


    Resumo: carteira 1M - TSR x taxa de falha
    Inflação SP500 - 0%; IBOV 4%
    Período SP500 -1/1/1950 em diante; IBOV 1/1/1996 em diante
    Indice Anos
    Taxa de retirada 30 40 50
    S&P 500 0 0 0
    0,5% IBOV 21 27 34
    IBOV USD 54 64 73
    S&P 500 0 0 0
    1% IBOV 26 33 40
    IBOV USD 60 71 78
    S&P 500 0,1 0,2 0,3
    2% IBOV 35 42 50
    IBOV USD 66 76 82
    S&P 500 0,5 1,5 2
    3% IBOV 40 49 55
    IBOV USD 72 79 84
    S&P 500 3,5 6,5 8
    4% IBOV 49 54 60
    IBOV USD 75 82 87

    Dada uma carteira de 1 milhão, simulei diversas vezes cada cenário e anotei a taxa de falha que mais apareceu. Taxa de falha seria a porcentagem de simulações onde a carteira zerou antes de terminar o período.

    No cenário pelo SP500 e TSR de 4% durante 30 anos (estilo Trinity Study) a taxa de falha ficou em 3,5%. Nos cenários usando o Ibovespa as taxas de falha foram sempre superiores a 20%. Mesmo adotando um período mais estável (desprezando a época da hiperinflação) e convertendo os retornos para dólar a volatilidade foi imensa, o que provocou uma montanha russa nas simulações. Você pode ver que as vezes a carteira sobe 100% e no ano seguinte cai 60%, ou sobe de novo 80% e daí cai mais de 50% por alguns anos. Veja aba "Monte Carlo".

    A média do Ibovespa nominal ficou em 19,78% com um desvio padrão de 45,88% (!); em dólar esses valores ficaram em 18,07% e 55,81% respectivamente (em dólar a variação foi ainda maior). Veja aba "Rendimentos".

    Conclusão

    De acordo com esse exercício de pura curiosidade ter uma carteira com 100% em ações vai resultar em fortes emoções numa aposentadoria precoce ou não. Nossa economia ainda é frágil e a bolsa vai oscilar bastante a cada crise ou suspeita de crise internacional ou nacional. Muitas ocorrerão ao longo das décadas.
    Quero pesquisar os retornos de renda fixa para simular nessa planilha também.
    Abaixo vou deixar vários links que me ajudaram a fazer essa brincadeira, assim como o link para baixar a planilha que eu fiz. Divirta-se !

    Links
    Monte Carlo Simulation: The Basics
    Monte Carlo Simulation with Excel
    45 Anos de Bovespa e 4 Bear-Markets: 3 com Quedas de 80%-90% em Dólar
    Minha planilha